Saneamento e Alfabetização
Em domicílios rurais, nos quais os chefes sabem ler e escrever, a ausência de canalização interna de água é significativamente menor do que em domicílios cujos chefes não sabem ler e escrever, como revela a Tabela 3.3. Entre os primeiros, os domicílios sem canalização interna de água passaram de 14%, em 2000, para 11%, em 2010. Já entre os chefes que não sabem ler e escrever, a ausência de canalização interna de água, no mesmo período, passou de 32% para 23%. A situação do esgotamento sanitário manteve-se praticamente inalterada no período de análise, sendo a situação menos desfavorável nas habitações chefiadas por pessoas alfabetizadas. O mesmo não ocorreu em relação aos domicílios que destinam seus resíduos à queima ou os dispõem em terrenos baldios, logradouros públicos, valas, rios, lagos e no mar. Contudo, para os chefes alfabetizados, a redução no período intercensitário foi mais acentuada e a disparidade entre seus domicílios e os domicílios de não alfabetizados aumentou (Tabela 4.3).
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O senso comum no julgamento da necessidade de tratamento da água
Nas comunidades visitadas, é comum a separação entre a água considerada inadequada para consumo, geralmente utilizada para higiene, dessedentação de animais e outros usos, e a de melhor qualidade, para beber e cozinhar. A questão está na forma como é realizada essa distinção, haja vista que fontes que não apresentam cor ou turbidez pronunciada tendem a ser percebidas pelos moradores como águas “limpas” ou “boas”, o que, sob a perspectiva técnica, não é indicativo de maior segurança para a saúde humana. Por dificuldades financeiras, desconhecimento das práticas ou resistência ao sabor do cloro, diversos moradores não realizam o tratamento intradomiciliar. No que diz respeito à contaminação da água por agrotóxicos, há preocupação relativa, em geral, mas não se apontam caminhos para que esta seja controlada.